Peixe Mocinha (Characidium fasciatum) – Ficha técnica com fotos
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Essa espécie sul-americana é um sucesso no aquarismo brasileiro, mas ainda é razoavelmente desconhecida em outros países. Nas terras brasileiras, o peixe Mocinha é famoso como um controle natural contra caramujos de aquário, entre outros invertebrados. Mas ele é muito mais que isso, sendo um dos peixes mais interessantes para se manter em um aquário de água doce.
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Ficha do peixe Mocinha (Characidium fasciatum)
Nomes comuns | Mocinha, Canivete |
Nome científico | Characidium fasciatum |
Nível de dificuldade | Fácil |
Temperamento | Pacífico |
Temperatura | 19°C – 26°C |
pH | 5.5 – 7.5 |
Tamanho recomendado do aquário | 80 Litros |
Expectativa de vida | Até 5 anos |
Tamanho Adulto | 7 cm |
Alimentação | Onívoro |
Dureza da água | Entre 2 e 25 |
A espécie Mocinha
É uma espécie extremamente interessante de se observar, devido as suas características raras. Esta é uma das poucas espécies de peixe que podem mover sua cabeça, então você claramente pode ver a Mocinha te seguindo com os olhos enquanto você passa na frente do seu aquário. Com seu corpo alongado e nadadeiras servindo como apoio no fundo do aquário, as vezes parece mais um réptil que um peixe. A espécie Characidium fasciatum é uma de mais de 50 variações deste peixe, e é muito difícil até mesmo para especialistas diferenciá-las, porém a mais famosa e comercializada é a C. fasciatum.
Classificação da Espécie
Classe | Actinopterygii |
Ordem | Characiformes |
Família | Crenuchidae |
Espécie | Characidium fasciatum |
Comportamento Típico
É um peixe que gosta de viver em pequenos grupos de indivíduos da mesma espécie. Porém, mesmo sendo um animal relativamente pacífico, pode ter problemas com outro machos da espécie, se mantido em aquários pequenos. Isso acontece porque haverá disputas para definir território. No entanto, se mantido em um aquário suficientemente grande, esses problemas serão raros.
Passa maior parte do tempo no fundo do aquário, observando tudo e procurando oportunidade de caças. Enquanto se desloca, parece mais estar se arrastando com suas nadadeiras frontais. Devido a esse modo de deslocamento e sua aparência, as vezes é comparado a uma pequena cobrinha. É um peixe predador na natureza, comendo insetos, larvas, crustáceos e etc. Essa natureza caçadora é facilmente percebida no aquário.
Aparência do peixe Mocinha
É um peixe de aparência muito curiosa, com seu corpo alongado e que vive apoiado nas suas nadadeiras frontais, que mais parecem pequenos braços os sustentando. Seu corpo é fino e pode chegar até 7 cm de comprimento. Em geral possuem coloração acinzentada, com detalhes pretos ao longo de todo corpo. Em algumas variedades podem ter uma faixa preta por todo comprimento do corpo, enquanto outras possuem machas pretas distribuídas igualmente por todo corpo. Essas manchas possuem vários formatos diferentes e variam de indivíduo para indivíduo.
Tamanho do aquário
Como gostam de viver em pequenos grupos e podem ter comportamento territorial se mantidos em aquários muito pequenos, o mínimo recomendado é 80 litros. No entanto, quanto mais litros melhor, já que isso ajudará a cada peixe definir bem sua área, sem precisar lutar por seu espaço. É melhor ter um aquário mais comprido do que alto, já que é uma espécie de fundo que não costuma subir frequentemente à superfície. Ter um filtro que cria um fluxo de água razoável, além de algumas pedras e troncos, pode ajudar a Mocinha a se sentir mais perto do seu habitat natural, melhorando sua qualidade de vida.
Alimentação
É um peixe muito fácil de alimentar, pois é onívoro e realmente come de tudo. Na natureza, sua dieta consiste principalmente de insetos, larvas e pequenos crustáceos. No entanto, em aquários se adapta muito facilmente a todo tipo de ração. Como são peixes predadores, a oferta de alimento vivo faz muito bem para eles. Portanto oferecer esse tipo de alimento pelo menos uma vez por semana é muito recomendado.
Alimentá-lo duas vezes por dia com uma ração de fundo e oferecer uma vez por semana artêmias ou bloodworms é uma das dietas mais recomendadas. Mas é claro que cada peixe é um individuo diferente, então observe seu peixe e adapte sua alimentação de acordo com suas necessidades.
Vale a pena destacar no entanto, que esses animais também vão caçar com muita avidez qualquer tipo de pequeno crustáceo que você tiver no seu aquário, o que já pode saciar sua necessidade por alimento vivo. Por esse motivo, muitas vezes ele é adquirido como um controle para caramujos invasores como Physa.
Que peixes manter com o peixe Mocinha
Por ser uma espécie muito pacífica, quase todos os peixes estão liberados, mas existem alguns fatores que devem ser levados em conta. O primeiro claramente é o tamanho, com 7 cm quando adultos, eles podem ser comidos por peixes muito maiores. O segundo ponto é evitar colocá-los com peixes muito agressivos, já que podem os atacar, porém como vivem mais no fundo do aquário, isso não costuma ser um grande problema. Além disso, podem beliscar peixes muito lentos com nadadeiras longas, logo se você tiver espécies com essas características no aquário, fique atento para ver se não estão sendo atacadas.
Como dito anteriormente, eles são predadores naturais de pequenos crustáceos. Então se você possui caramujos ou camarões ornamentais, que você não quer perder, a Mocinha não é uma boa opção. Até mesmo ampulárias, que são caramujos um pouco maiores ainda poderão ser atacadas e mortas devido aos ataques do Characidium fasciatum,
Distribuição na Natureza
Apesar de só existirem na América do Sul, sua distribuição é muito variada. O peixe Mocinha é muito comum nas regiões dos Rio São Francisco e no alto da Bacia do Paraná. Costuma ser frequentemente achado em rios de correnteza rápida, onde fica apoiado em pedras, troncos ou no fundo do rio, a espera de presas para atacar. No entanto algumas variedades também são encontradas em rio de águas mais lentas, ou cachoeiras, algumas vezes apoiadas em plantas submersas.
Diferenciar entre macho e fêmea
Em alguns casos, é possível notar que os machos tem as manchas escuras do corpo mais evidentes e o copo mais fino, enquanto as fêmeas são mais roliças. No entanto, isso depende da variedade que está sendo observável. Em geral esse tipo de diferenciação só é possível se estiver comparando dois indivíduos do mesmo grupo e ainda assim, não é um método 100% garantido.
Em algumas variedades, o macho possui um “gancho” na região pélvica, porém é muito difícil observar isso sem a ajuda de lentes de aumento. Além disso, esses pequenos ganchos são ainda mais discretos em machos jovens, dificultando ainda mais a diferenciação entre macho e fêmea.
Reprodução
A reprodução em aquários ainda não é muito bem documentada, apesar de existirem relatos de sucesso. O que se sabe com certeza, é que como a maior parte dos tetras, são disseminadores livres. Ou seja, os ovos são liberadas diretamente na água.
Referências:
Index to Organism Names: ION – Characidium fasciatum Reinhardt 1866
Buckup, P. A. 1992. Redescription of Characidium fasciatum, type species of the Characidiinae (Teleostei, Characiformes). Copeia 1992(4): 1066-1073.
FAO-FIES, 2015. Aquatic Sciences and Fisheries Information System (ASFIS) species list.
Casatti, L. and R.M.C. Castro, 1998. A fish community of the São Francisco River headwaters riffles, southeastern Brazil. Ichthyol. Explor. Freshwat.
Santos, E., 1981. Peixes da Água doce (Vida e costumes dos peixes do Brasil). Belo Horizonte, Brasil, Editora Itatiaia Limitada.267.