Lagosta filtradora (Atya gabonensis) – Tudo sobre a espécie
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Se você procura algum bicho mais exótico para ter nos seus aquários, então a Lagosta Filtradora pode ser a espécie para você. Tem o visual um pouco assustador, embora seja completamente pacífica e inofensiva. Ela vive muito tranquilamente, peneirando a água do aquário através das suas patas adaptadas para filtras a água. É um ótimo animal para deixar seu aquário ainda mais bonito, exótico e interessante.
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Ficha da Lagosta filtradora
Nomes comuns | Lagosta filtradora, Camarão-Africano Filtrador, Camarão Negro |
Nome científico | Atya gabonensis |
Nível de dificuldade | Fácil à moderado |
Temperamento | Pacífico |
Temperatura | 23°C – 28°C |
pH | 6.5 – 7.6 |
Tamanho recomendado do aquário | 60 Litros |
Expectativa de vida | Até 5 anos |
Tamanho Adulto | Até 14 cm |
Alimentação | Onívoro |
Dureza da água | 6º a 20º |
A espécie
Apesar do seu nome e aparência, essa espécie é na verdade um camarão, e não uma lagosta. Mesmo com seu visual um pouco intimidador a Lagosta filtradora é uma espécie linda, tímida e pacífica, então nunca machucarão outro animal no aquário. Originalmente, elas são de regiões da África e da América do Sul, áreas com muitas raízes e vegetações para se esconder.
Nos aquários, elas procuram ficar quietas e até escondidas, na maior parte do tempo, preferindo sair dos seus esconderijos a noite, mas cada vez que você as observar no seu aquários vai ser um momento único. Além disso, seus hábitos alimentares são muito curiosos. É bastante comum que elas fiquem na saída do filtro, com suas patas para cima, filtrando qualquer material orgânico no fluxo de água. Os alimentos coletados dessa maneira, são então levados para a boca, usando as mesmas patas usadas para filtrar a água.
Classificação da Espécie
Classe | Malacostraca |
Ordem | Decapoda |
Família | Atyidae |
Espécie | Atya gabonensis |
Comportamento Típico
Eles são naturalmente dóceis e tímidos, isso é muito fácil de notar, já que eles costumam escolher um esconderijo no aquário, e só sair de lá a noite para buscar alimentos. Devido a sua natureza pacífica, conseguem viver muito bem com outros peixes e até mesmo camarões, inclusive da mesma espécie. Apesar disso, eles preferem ficar sozinhos, já que animais muito agitados podem os estressar.
Quando eles escolhem seu esconderijo, se tornam muito dependente dele, logo qualquer mudança de decoração no aquários pode o estressar. Dessa maneira, evite qualquer mudança, ao menos que seja extremamente necessária. Caso modifique a disposição da decoração do seu aquário, lembre de sempre deixar alguns esconderijos para que ele possa achar uma nova casa.
Mesmo com esse temperamento mais solitário, eles em geral são mantidos em aquários comunitários, e vivem longos períodos em comparação com outros camarões. Então não é incomum que vivam 5 anos ou mais, se mantidos em um ambiente adequado para eles.
Em aquários, é possível observa-los no fundo, andando pelo substrato procurando por bons lugares para coletar alimentos. De tempos em tempos, eles levantam as patas para filtrar a água e pegar qualquer partícula de comida. Quando encontram um bom lugar para se alimentar, é muito comum que vire um ponto permanente, portanto você constantemente o verá com as patas para cima se alimentando.
Aparência
São animais grandes e muito bonitos, se você não se incomodar com sua aparência exótica. Todo seu corpo tem inúmeros detalhes interessantes, no entanto, as patas claramente se destacam. Na ponta das suas patas dianteiras você pode ver uma estrutura que parece um leque ou ventilador, que é usada para filtrar a água e capturar qualquer partícula nutritiva presente na água.
Seu corpo lembra muito o de uma lagosta (fica claro de onde veio o nome), com uma casca forte e grossa. As pernas tem pequenos espalhados, e um grande ponto no final da perna. Esse detalhe anatômico ajuda o camarão a se manter estável em cima de pedras, troncos e outros objetos.
Quanto a cores, elas podem variar de um azul acinzentado até um rosa claro, passando até por uma tonalidade verde em alguns casos. A verdade é que suas cores mudam bastante durante a vida dos animais. Após as trocas de casca (ecdise), costumam ficar mais claros, mas a medida que ficam mais velhos, tendem a ficar cada vez mais escuros.
Troca de casca
As lagostas filtradoras trocam seu exoesqueleto, o que é comum é boa parte dos invertebrados. Eles costumam fazer essa troca de casa uma vez a cada dois meses ou menos. Quando isso acontece, você pode achar o exoesqueleto no fundo do seu aquário, mas não se alarme. Embora essa casca vai parecer muito com seu camarão, ele na verdade não morreu, apenas de exoesqueleto.
Logo após essa troca, a Lagosta Filtradora pode ficar com uma cor muito clara, quase branca, mas com o tempo, suas cores normais voltarão. Além disso, é muito comum que ela se esconda durante esse processo, pois fica extra vulnerável durante essa fase.
Caso você tenha mais invertebrados no seu tanque, deixe o exoesqueleto no aquário, pois outros camarões e caramujos vão se encarregar de acabar com ele. Se alimentar do exoesqueleto é muito benéfico para invertebrados, já que ajuda na absorção de alguns nutrientes.
Aquário para Lagosta Filtradora
Como eles se alimentam filtrando o fluxo de água, é recomendado que eles tenham um aquário de tamanho considerável. O mínimo recomendado seria 60 litros, mas é claro que quanto maior, melhor. Dê preferência para aquários mais compridos do que altos. Já que em um aquário muito alto, pode ser difícil produzir um fluxo forte o suficiente para facilitar que a água passe através dos filtros do camarão. Outra opção é ter uma bomba no estilo Powerhead, que ajudaria a aumentar a corrente de água para a Lagosta Filtradora.
Devido ao fato de se alimentarem filtrando a água, a espécie vive muito melhor em aquários antigos e já bem estabelecidos, pois possuem maior concentração de zoôplancton e microalgas. Aquários novos, não tem tantos materiais espalhados na água, que são justamente a principal fonte de nutrientes para as Lagostas Filtradoras.
Outro ponto importante é oferecer a espécie pontos para se esconder, especialmente durante o dia. Portanto plantas, troncos e algumas cavernas vão deixar a vida desses camarões muito mais tranquila, evitando o estresse e dando um lugar mais protegido para quando eles estiverem trocando de casca.
Alimentação
A sua alimentação consiste em sua maioria de partículas circulando na água. Elas podem ser de plantas se decompondo, de animais microscópicos do zoôplancton, ou até mesmo restos de ração que escaparam dos outros peixes.
Uma maneira de aumentar a disponibilidade de comida para a espécie, é triturar a ração dos peixes, a esmagando com o dedo, antes de jogar na água. Assim, ela se mistura com a corrente da água e possibilitará que a Lagosta Filtradora colete esses mini pedaços para sua alimentação.
Infelizmente, esse camarão não é um bom comedor de algas, no sentido mais usado da palavra. Ele certamente se alimentará de micro algas flutuando na água, mas não ajudara a combater aquelas que ficam alojadas nos vidros e decorações do aquário.
Que peixes manter com a Lagosta Filtradora
Eles são uma espécie muito pacífica, então costumam poder viver com uma grande variedade de peixes e invertebrados. Outros camarões, como Red Cherry e Camarão Fantasma são ótimas opções. Além disso, se dão muito bem como os mais diversos tipos de caramujos, como Ampularias e Ramshorns. Mas não as misture com nenhum invertebrado mais agressivo, como Lagostins por exemplo, já que ela não tem nenhum mecanismo de defesa para sobreviver à ataques.
Quanto a peixes, também podem viver com espécies pacíficas e de preferência não muito agitadas. A lista é gigante, mas alguns peixes adequados são Tetra Neon, Tetra Foguinho, Tetra Rodostomus, Platis, Guppis e muitos outros. Mas o mesmo cuidado com invertebrados agressivos vale para os peixes. Não os misture com ciclídeos muito territoriais e agressivos, ou eles podem acabar virando alimento.
Distribuição na Natureza
A espécie Atya gabonensis ocorre em dois continentes, África e América do Sul. Eles vivem das regiões atlânticas desses continentes. No Brasil eles ocorrem em estados como Sergipe, Alagoas e São Paulo, enquanto na África podem ser encontrados do Senegal ao Zaire. Vivem em rios agitados com muito oxigênio e matéria orgânica dissolvida. No início da sua vida, no estado larval, vivem em água salobras e a medida que crescem se deslocam para águas doces.
Diferenciar entre macho e fêmea
A diferença não é tão óbvia, e é praticamente possível os diferenciar quando novos. Mas a medida que crescem, algumas diferenças podem ser observadas. No geral os machos são maiores e têm as pernas da frente mais grossos. Enquanto isso a fêmeas tem a carapaça abdominal mais longas e curvadas.
Reprodução
Se você deseja reproduzir esses invertebrados em cativeiro, saiba que é muito difícil. Os animais vendidos, são em sua maioria, provenientes da natureza, já que é difícil os reproduzir em larga escala de maneira eficiente. Esses animais têm um processo reprodutivo primitivo, onde passam por diversos estados de larva. Além disso, eles começam suas vidas em algas salgadas, onde seus ovos eclodem. A medida que amadurecem, vão mudando para água doce, mas esse é um processo muito difícil de reproduzir sem muitos tanques e outros equipamentos poucos comuns para quem tem aquários. Devido a dificuldade e baixa taxa de sucesso, tentativas não são recomendadas.
Referências
Integrated Taxonomic Information System – Atya gabonensis Giebel, 1875
Hobbs HJJ, Hart CWJ. The Shrimp Genus Atya (Decapoda: Atyidae). Smithsonian Contributions to Zoology, 1982, (364): 1-153.
Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
International Union for Conservation of Nature’s Red List of Threatened Species – Atya gabonensis
Nwosu, F. M. (2009). Aspects of the biology of the Gabon shrimp Atya gabonensis, Giebel 1875 in the Cross River, Nigeria. Archived 2016-08-09 at the Wayback Machine Journal of Fisheries International 4(4), 58-61.
World Register of Marine Species – Atya gabonensis Giebel, 1875
Oliveira CMCA. Avaliação sistemática de camarões de água doce do gênero Atya Leach, 1816 (Crustacea: Decapoda [dissertação]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto; 2017.